
Ao longo dos últimos tempos, o tema Toxicodependência, tem sido muito trabalhado por parte da JSD Terceira. Temos tido como principal preocupação, através de todas as iniciativas já realizadas, a divulgação de informação, e a prestação de esclarecimentos aos mais novos, focando assim um aspecto, que quanto a nós é essencial, e que muita falta tem feito à nossa Região, a Prevenção Primária.
A compilação de todo o trabalho realizado, resultou numa proposta feita por esta estrutura, em relação à actual “Lei da Droga”, a Lei nº15/93, propondo repristinar o seu artigo 40º, proibindo assim o consumo de qualquer tipo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas, independentemente da quantidade
Apesar das críticas de uma minoria, esta proposta foi reconhecida como benéfica e produtiva, até pelos próprios toxicodependentes, que por certo, não desejam partilhar esta difícil batalha de recuperação, com um número cada vez maior de pessoas. A facilidade com a qual se consegue obter este tipo de substâncias, não ajuda em nada, o combate a este flagelo!
Talvez por tudo isto, fui contactado na última quarta-feira, por um conjunto de utentes do Centro de Adictologia de Angra do Heroísmo. Tinham recebido a noticia, de que a Administração do Hospital, havia decidido mudar os horários de funcionamento do referido centro.
Após explicação pormenorizada dos indivíduos, fiquei realmente estupefacto com as alterações.
Sendo assim, o centro passará a abrir as suas portas, de Segunda a Sexta às oito da manhã, em vez das habituais sete da manhã, e passará a encerrar às dezoito horas, em vez das habituais dezanove horas. Em relação aos sábados, domingos e feriados, funcionará a partir das oito horas da manhã, em detrimento das habituais sete horas, mantendo-se aqui o encerramento às treze horas.
Tendo em conta que, a grande maioria dos utilizadores do centro de Adictologia, trabalha no sector da construção civil, e também que, a maioria dos utentes não tem veículo de transporte próprio, este novo horário prejudica e impossibilita, o tratamento a grande parte dessas pessoas.
Nem todos residem perto do centro. Posto isto, os que mais perto residem tinham a oportunidade de realizar o seu tratamento antes do seu horário laboral, enquanto os que pernoitam mais longe, tinham a oportunidade de o fazer após o seu trabalho. Com este novo horário, nada disto vai ser possível.
Na recuperação de um toxicodependente, a reinserção sempre foi um dos aspectos fundamentais, portanto espera-se agora o quê? Que eles faltem aos empregos para ir fazer o tratamento?
Já não bastam, as deficientes condições em que o centro de Adictologia trabalha a nível de apoio psicológico aos seus utentes?
Tentei também saber a opinião dos funcionários do Centro, mas devido à hora, este já se encontrava encerrado. De qualquer forma, é de louvar a iniciativa que este conjunto de cidadãos e utentes tiveram, ao virem denunciar toda a situação.
Penso que cabe a todos nós reflectir sobre este caso. O Centro de Adictologia existe, apenas e somente, porque existem pessoas com necessidade de recorrer aos seus serviços. Sendo assim, o mínimo que se pode fazer, é adequar o seu horário de funcionamento, à realidade da população utente.
Difícil?
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