
O Partido Socialista prepara-se para recuperar o diploma vetado pelo Presidente da República no início do ano, relacionado com o voto dos emigrantes portugueses.
Para aqueles que não acompanharam o processo, este diploma pretendia (e volta a pretender…) impor o voto presencial nas eleições Legislativas, eliminando assim a possibilidade que os emigrantes têm de votar por correspondência. O mesmo será dizer que, os emigrantes que queiram votar, terão de passar a deslocar-se às embaixadas ou consulados portugueses, que em muitos casos estão a centenas, ou mesmo a milhares de quilómetros de distância da sua residência.
Tendo em conta este facto, e acrescentando a preocupação que deve estar sempre presente com os elevados números da abstenção, tenho muita dificuldade em perceber a verdadeira finalidade deste diploma.
Segundo o deputado José Lello, secretário nacional do Partido Socialista para as Relações Internacionais: "Manter este sistema de voto não beneficia nem os portugueses que residem no exterior nem a nossa democracia e deita para o lixo a vontade de participação de milhares de eleitores".
São declarações no mínimo muito “debilitadas” para quem se diz responsável por Relações Internacionais. Tal não me surpreende, pois a sua reacção ao veto do Presidente da Republica resumiu-se a: “Não é preciso pôr mais sal na ferida”. Sem duvida… uma reacção convicta de quem estava seguro do que tinha apresentado em plena Assembleia da Republica!
Toda a actividade política deve ser regida por princípios e convicções, que associadas aos mais diversos níveis, identificam as raízes ideológicas que caracterizam os partidos políticos. Ao falarmos de um Governo, temos de ter em conta que foi eleito para servir o país, e não para servir apenas os que votaram no partido vencedor. Portanto, se no círculo eleitoral do estrangeiro o PSD elege mais deputados do que qualquer outro partido, não é justo nem sério, que através dos mais variados esquemas, se tente encontrar uma forma de limitar o voto.
Diversas são as causas que podem levar a que uma pessoa abandone a "sua terra" em busca de uma “nova vida”. Essa é uma realidade a que Portugal ficou fortemente associado, sendo possível constatá-la através da comunidade emigrante portuguesa.
Apesar de se encontrar longe, o gosto e a ligação do emigrante pela sua pátria não desaparece. Bem pelo contrário… a saudade e o desejo de cá voltar, aguçam a vontade de diariamente saber as novidades nacionais.
Já anteriormente tinha demonstrado a minha total discordância com este diploma. Os emigrantes merecem mais respeito e mais consideração, pois a palavra Diáspora não pode ser utilizada só porque é bonita ou soa bem, tem de ser sentida e vivida caminhando ao encontro das necessidades de quem está distante…
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